Friday, December 29, 2006

STAND BY ME

Às vezes, o melhor da vida se esconde exatamente onde menos esperamos. Às vezes não. Quase sempre.

Um dos melhores filmes que já vi é exatamente assim. "Conta comigo" é uma produção americana, se não me engano, de 1986, baseado num conto do mestre do suspense Stephen King. É considerado um bom filme pela crítica, mas de modo geral não é tão festejado como penso que deveria ser. Trata-se da história de um grupo de amigos, todos molecotes de seus 12 anos, moradores de uma cidadezinha do interior dos Estados Unidos. No elenco, um River Phoenix recém entrado na adolescência. Bom, não vou ficar aqui contando a história do filme porque todo mundo já deve ter visto um zilhão de vezes na Sessão da Tarde. O que importa é que esses meninos vão em busca do corpo de outro garoto, mais ou menos da mesma idade que estava desaparecido. No final eles encontram o corpo, mas o que realmente valeu pra mim, foi a conclusão que o personagem principal, já quarentão, chega quando termina de relembrar o passado: "Nunca mais tive amigos como os que tinha aos doze anos – e Deus, quem tem?"

Essa frase martelou na cabeça quando, de bobeira no MSN, esbarrei com ele. Marcelo, meu xará. Amigo desde o maternal, praticamente. Eu cá, na minha, papeando com quatro pessoas ao mesmo tempo. E ele lá, quietinho, na dele. De repente, a mensagem. Não lembro exatamente como era, pena não ter salvo, mas era algo mais ou menos como "Que em 2007 todos os seus sonhos se realizem, melhor amigo de toda a minha vida." E daí começou uma verdadeira sessão nostalgia, onde relembramos o passado em comum, as brincadeiras, os sonhos, a hora do recreio... Foi um papo relativamente rápido, mas recheado de elogios mútuos e declarações emocionadas de eterna amizade. Depois caí. Desliguei o PC e fui dormir.

Bom saber que apesar dos pesares, as velhas amizades ficam. Não vejo mais meu xará com a mesma freqüência dos tempos de escola. Crescemos, continuamos estudando, trabalhando, a vida mudou... Fizemos novos amigos. Mas a certeza fica que tudo o que passamos juntos é nosso e ninguém tira.

Há um tempo atrás me enviaram uma dessas mensagens bonitinhas que todo mundo costuma encaminhar pela Internet, dizendo que os melhores amigos são exatamente aqueles que habitam nosso passado. Não sei se é bem assim, mas tenho certeza que meus grandes amigos vêm lá de trás, bem de trás, do início da vida. E aqui não rendo a homenagem só ao Marcelo Nascimento, companheiro do primário, mas a todos os outros que sei que, apesar do tempo e do distanciamento, continuam firmes e fortes ao meu lado, nem que seja só por pensamento. Como esquecer de Fabiano Fernandes, Alessandra Pacheco, Suzana Moraes (só pra citar os mais próximos)? Como esquecer os que chegaram um pouquinho depois, mas que também fazem parte do prólogo dessa história: Maria, Carola, Cintia?

Cada vez tenho certeza absoluta que a vida tem muita graça. Mas a maior de todas é exatamente essa. Ser amigo e ter amigos. E parafraseando o Richard Dreifuss (era ele quem fazia o personagem principal de "Conta Comigo" já maduro): Nunca mais tive amigos como os que tinha aos doze anos – e Deus, quem tem?"

Que bom, Deus, que ainda tenho esses amigos ao trinta anos... Que bom...
BOAS FESTAS

Eu sou do tempo em que se enviavam cartões, pelo correio. E-mail, scrap? Coisa que nunca tinha ouvido falar... Tudo bem, esse papo de "eu sou do tempo" parece coisa de velho caquético, do século passado – mas fazer o quê? Eu sou do século passado!

Todo ano era a mesma coisa... Não passava um, sem enviar os tradicionais cartõezinhos de Natal. De preferência aqueles bem baratinhos, do tipo pague cinco e leve dez (e com envelope e tudo!). Era o jeito, muita gente pra lembrar... E mais que o cartão em si, o que importava era a lembrança, o que ia escrito nele...

Isso tudo rolava assim, de última hora. E lá estava eu, tipo dia 23, às vezes até 24, enviando os últimos cartões. Quando pensava que a missão estava cumprida, descobria que tinha esquecido daquele velho amigo da quinta série... Aquele que não passava um Natal sem esquecer de mim... Daí já viu: mais cartão, mais inspiração pra escrever meia dúzia de palavrinhas bonitas, nova ida ao correio...

Hoje é mais prático. Escrevo uma mensagem padrão, tipo essa aqui e é só clicar em meus contatos e pronto. De preferência com cópia oculta que é como todo mundo devia enviar e-mail. É muito mais seguro. Mas devo confessar que não é a mesma coisa. Pra mim nada substitui o velho e bom cartão de Natal, com suas estampas de Papai Noel e de Natais Brancos, bem distantes da realidade da terrinha. As idas ansiosas à caixa de correio pela resposta. A alegria ou a frustração de ser lembrado ou não.

Natal é tempo de comemoração. É aniversário. Ok, admito, o apelo comercial é bem forte. É fortíssimo. Falam até que Jesus não nasceu nem aqui nem na China em dezembro. Essas histórias todas eu conheço de cor. Mas o fato é que convencionou-se em comemorar a data em 25 de dezembro e agora cá estou eu, lembrando de você neste e-mail.

Natal é tempo de estar com a família. A que temos e a que escolhemos ter. Abraçar, beijar, esquecer as desavenças do ano inteiro. Rir, relembrar, festejar... Pensar no sentido maior da festa.

Se você está recebendo essas mal traçadas linhas, sinal que está na minha lista de endereços e que é muito especial pra mim, porque o simples fato de estar na minha lista de endereços não qualifica ninguém a receber essa mensagem que eu mesmo escrevi, perdendo minutos preciosos de minha manhã. Tá vendo, né? É pouca merda não...

Queria estar pertinho de todos os meus amigos, mas como não dá, desejo a cada um, tudo que há de melhor no mundo. Um Natal santo e abençoado. Muita paz, muita luz, amor, $$$ porque ninguém é de ferro. E que no ano que vem, tudo que você sonha tome contornos reais. O resto a gente empurra com a barriga. O importante a gente já tem. A vida. Estar vivo é o melhor dos presentes. O resto, como o próprio nome já diz, é resto.

Desculpa a volta danada. Eu falei de cartão, de correio, de e-mail e deixei o essencial pro final. Mas é o que desejo pra você, do fundo da minha alma.

Do amigo

MARCELO.