Saturday, December 12, 2009

1, 2, 3, testando...  1, 2, 3, testando!

12 DE DEZEMBRO DE 2009.  TESTE DE NOVO TEMPLATE DO ENSAIO GERAL.

OK!

Friday, December 29, 2006

STAND BY ME

Às vezes, o melhor da vida se esconde exatamente onde menos esperamos. Às vezes não. Quase sempre.

Um dos melhores filmes que já vi é exatamente assim. "Conta comigo" é uma produção americana, se não me engano, de 1986, baseado num conto do mestre do suspense Stephen King. É considerado um bom filme pela crítica, mas de modo geral não é tão festejado como penso que deveria ser. Trata-se da história de um grupo de amigos, todos molecotes de seus 12 anos, moradores de uma cidadezinha do interior dos Estados Unidos. No elenco, um River Phoenix recém entrado na adolescência. Bom, não vou ficar aqui contando a história do filme porque todo mundo já deve ter visto um zilhão de vezes na Sessão da Tarde. O que importa é que esses meninos vão em busca do corpo de outro garoto, mais ou menos da mesma idade que estava desaparecido. No final eles encontram o corpo, mas o que realmente valeu pra mim, foi a conclusão que o personagem principal, já quarentão, chega quando termina de relembrar o passado: "Nunca mais tive amigos como os que tinha aos doze anos – e Deus, quem tem?"

Essa frase martelou na cabeça quando, de bobeira no MSN, esbarrei com ele. Marcelo, meu xará. Amigo desde o maternal, praticamente. Eu cá, na minha, papeando com quatro pessoas ao mesmo tempo. E ele lá, quietinho, na dele. De repente, a mensagem. Não lembro exatamente como era, pena não ter salvo, mas era algo mais ou menos como "Que em 2007 todos os seus sonhos se realizem, melhor amigo de toda a minha vida." E daí começou uma verdadeira sessão nostalgia, onde relembramos o passado em comum, as brincadeiras, os sonhos, a hora do recreio... Foi um papo relativamente rápido, mas recheado de elogios mútuos e declarações emocionadas de eterna amizade. Depois caí. Desliguei o PC e fui dormir.

Bom saber que apesar dos pesares, as velhas amizades ficam. Não vejo mais meu xará com a mesma freqüência dos tempos de escola. Crescemos, continuamos estudando, trabalhando, a vida mudou... Fizemos novos amigos. Mas a certeza fica que tudo o que passamos juntos é nosso e ninguém tira.

Há um tempo atrás me enviaram uma dessas mensagens bonitinhas que todo mundo costuma encaminhar pela Internet, dizendo que os melhores amigos são exatamente aqueles que habitam nosso passado. Não sei se é bem assim, mas tenho certeza que meus grandes amigos vêm lá de trás, bem de trás, do início da vida. E aqui não rendo a homenagem só ao Marcelo Nascimento, companheiro do primário, mas a todos os outros que sei que, apesar do tempo e do distanciamento, continuam firmes e fortes ao meu lado, nem que seja só por pensamento. Como esquecer de Fabiano Fernandes, Alessandra Pacheco, Suzana Moraes (só pra citar os mais próximos)? Como esquecer os que chegaram um pouquinho depois, mas que também fazem parte do prólogo dessa história: Maria, Carola, Cintia?

Cada vez tenho certeza absoluta que a vida tem muita graça. Mas a maior de todas é exatamente essa. Ser amigo e ter amigos. E parafraseando o Richard Dreifuss (era ele quem fazia o personagem principal de "Conta Comigo" já maduro): Nunca mais tive amigos como os que tinha aos doze anos – e Deus, quem tem?"

Que bom, Deus, que ainda tenho esses amigos ao trinta anos... Que bom...
BOAS FESTAS

Eu sou do tempo em que se enviavam cartões, pelo correio. E-mail, scrap? Coisa que nunca tinha ouvido falar... Tudo bem, esse papo de "eu sou do tempo" parece coisa de velho caquético, do século passado – mas fazer o quê? Eu sou do século passado!

Todo ano era a mesma coisa... Não passava um, sem enviar os tradicionais cartõezinhos de Natal. De preferência aqueles bem baratinhos, do tipo pague cinco e leve dez (e com envelope e tudo!). Era o jeito, muita gente pra lembrar... E mais que o cartão em si, o que importava era a lembrança, o que ia escrito nele...

Isso tudo rolava assim, de última hora. E lá estava eu, tipo dia 23, às vezes até 24, enviando os últimos cartões. Quando pensava que a missão estava cumprida, descobria que tinha esquecido daquele velho amigo da quinta série... Aquele que não passava um Natal sem esquecer de mim... Daí já viu: mais cartão, mais inspiração pra escrever meia dúzia de palavrinhas bonitas, nova ida ao correio...

Hoje é mais prático. Escrevo uma mensagem padrão, tipo essa aqui e é só clicar em meus contatos e pronto. De preferência com cópia oculta que é como todo mundo devia enviar e-mail. É muito mais seguro. Mas devo confessar que não é a mesma coisa. Pra mim nada substitui o velho e bom cartão de Natal, com suas estampas de Papai Noel e de Natais Brancos, bem distantes da realidade da terrinha. As idas ansiosas à caixa de correio pela resposta. A alegria ou a frustração de ser lembrado ou não.

Natal é tempo de comemoração. É aniversário. Ok, admito, o apelo comercial é bem forte. É fortíssimo. Falam até que Jesus não nasceu nem aqui nem na China em dezembro. Essas histórias todas eu conheço de cor. Mas o fato é que convencionou-se em comemorar a data em 25 de dezembro e agora cá estou eu, lembrando de você neste e-mail.

Natal é tempo de estar com a família. A que temos e a que escolhemos ter. Abraçar, beijar, esquecer as desavenças do ano inteiro. Rir, relembrar, festejar... Pensar no sentido maior da festa.

Se você está recebendo essas mal traçadas linhas, sinal que está na minha lista de endereços e que é muito especial pra mim, porque o simples fato de estar na minha lista de endereços não qualifica ninguém a receber essa mensagem que eu mesmo escrevi, perdendo minutos preciosos de minha manhã. Tá vendo, né? É pouca merda não...

Queria estar pertinho de todos os meus amigos, mas como não dá, desejo a cada um, tudo que há de melhor no mundo. Um Natal santo e abençoado. Muita paz, muita luz, amor, $$$ porque ninguém é de ferro. E que no ano que vem, tudo que você sonha tome contornos reais. O resto a gente empurra com a barriga. O importante a gente já tem. A vida. Estar vivo é o melhor dos presentes. O resto, como o próprio nome já diz, é resto.

Desculpa a volta danada. Eu falei de cartão, de correio, de e-mail e deixei o essencial pro final. Mas é o que desejo pra você, do fundo da minha alma.

Do amigo

MARCELO.

Tuesday, October 17, 2006

"Pra ouvir rezando..."

Quarenta aninhos. Definitivamente, meus queridos, o tempo passa rápido...
Conversando dia desses com um amigo, sobre música, nos lembramos que neste ano da graça de 2006, o álbum "Pet Sounds", dos Beach Boys, comemora a sua quarta década de vida, colecionando fãs e admiradores incondicionais, por todo o globo... E aproveitando o embalo, é claro e evidente que euzinho aqui, não ia deixar a data passar em brancas nuvens. Afinal, Pet Sounds não é um disquinho qualquer. É considerado por muitos, como um dos maiores álbuns de todos os tempos. E “God only Knows”, seu carro-chefe, a melhor música do mundo ( e isso não foi dito por mim, mas por gente do ramo. Só pra citar um: Sir Paul McCartney!)
Enquanto muita gente pensava que o calo no pé dos Beatles eram os Stones, o perigo mesmo morava lá pros lados da Califórnia. No início dos anos 60, não havia banda mais popular nos Estados Unidos do que os Beach Boys e suas músicas cheias de gatinhas, praias e charangas... “A primeira vez em que ouvi os Beatles foi no rádio, com ‘I Wanna Hold Your Hand’, e logo descobri que tudo havia mudado e que se os Beach Boys quisessem sobreviver, teriam que ficar alertas”, confessou Brian Wilson em depoimento à uma revista especializada. Era o pontapé inicial pra uma das disputas mais produtivas de toda a história do Rock’n’Roll...
Mas pra entender todo esse blá-blá-blá, é preciso antes de tudo conhecer ele: o cara. Brian Wilson nasceu para brilhar. Solitário, com fama de esquizofrênico e graves problemas de auto-afirmação. Baixista, pianista, surdo de um ouvido, o pai o criou pra ser uma lenda, como Beethoven. Depois de ouvir “Rubber Soul” umas trezentas mil vezes, encasquetou que era capaz de fazer algo melhor que aquilo. Providenciou um carinha que o substituísse durantes os shows e se trancafiou a quatro chaves num estúdio. Buscando novos sons, juntou-se aos melhores músicos da Califórnia e compôs algumas das mais belas e sofisticadas músicas de que se tem notícia...
Reza a lenda que o grupo odiou aquele disco. Cadê o sol, o sal, o mar, a gata? Era muito amor, muito Deus sabe o que eu sinto, muita dor de cotovelo... Em compensação, teve gente que caiu de quatro diante da sinfonia pop de Wilson. Um deles, Paul McCartney que considera “ God Only Knows” a melhor música já composta sobre a face da terra. E ele gostou tanto, mas tanto, que no ano seguinte, o quarteto de Liverpool lançava Sgt Pepper’s: “Pet Sounds foi minha inspiração para a realização de Sgt Pepper’s..., a maior influência. A inventividade musical... uau! Toco ele para os garotos e eles adoram. Eu pensava na época: ‘Pobre de mim. É o melhor disco de todos os tempos. O que vamos fazer?’” Fez e fez bem feito. Da saudável disputa, nasceram os dois discos que sempre figuram em qualquer listinha dos melhores de todos os tempos...
Pena que o que é bom dura pouco. Comercialmente, Pet Sounds não foi muito bem. Os executivos da Capitol ficaram preocupados, os integrantes da banda também. O disco seguinte tinha tudo pra dar certo, mas não deu: Dumb Angel, depois rebatizado de Smile sequer chegou a ser lançado. Em conpensação, “Good Vibrations”, um surf rock com batida de theremin, é citado até hoje como uma das músicas mais sensacionais que se tem notícia.
Viciadão em drogas, Wilson passou longos anos mergulhado em total ostracismo. Ao contrário dele, Paul McCartney tornou-se um dos nomes mais conhecidos da música internacional. A redenção veio em 2001, com um show reunindo gente com Elton John, Billy Joel, Ricky Martin e o próprio McCartney que não cansa de declarar seu amor pelo colega.
Pra quem não conhece, é a chance. Um cd comemorativo foi lançado pra deleitar os amantes de boa música. Atenção em “Wouldn’t It Be Nice”, “I Know There’s an Answer”, “Dont’t Talk”, “Caroline No” e “God Only Knows”, evidente.
Pra ouvir rezando...

Wednesday, September 13, 2006

Viva São Gonçalo!!!

Final de curso. Projetos, corre-corre, textos e mais textos, monografia. E o fluxograma, não me deixando esquecer: Prática Pedagógica III. Traduzindo: pra ganhar esse maldito creditozinho, seria preciso que eu, com a maior cara de pau, entrasse numa sala de aula e “ensinasse” a um grupo de alunos espinhentos do Segundo Grau, Ensino Médio, ou seja lá o que os senhores preferirem, algum episódio da história do nosso querido Brasil.
Havia tido sorte até ali. Nas outras práticas, a coisa até que tinha sido muito mole. Na I, a professora optou que nossas aulas tivessem como platéia, os nossos próprios colegas de curso. No início a idéia não me agradou muito. É péssimo ser avaliado por alguém que entende tão bem (pelo menos hipoteticamente) do assunto como você. Mas depois fiquei calmo. Por um capricho do destino ou descuido da UERJ, caí numa turma de Matemática. Ou seja: eu não dava pitaco no Teorema de Báskara deles e eles não enfiavam o nariz no meu Processo de Independência!
Escolhi meu tema. Cultura. Esses são os melhores temas para quem teme não dominar qualquer assunto. Temas livres. O resto foi mamão com açúcar!. Sempre fui meio artista, devo confessar. Pus minha veia shakespeareana pra fora e conquistei a platéia. Nota máxima!
Na Prática II, idem. Rede estadual em greve, sobrou os colegas se prestarem a escutar meu blá-blá-blá novamente. Mas dessa vez era diferente. Eu estava numa turma de História! Era preciso não vacilar... Dei aula sobre as influências estrangeiras que nossa cultura sempre sofreu. Yes! O pessoal amou e só faltou aplaudir de pé.
Na III não tinha jeito. A professora não pensou duas vezes e tratou ela mesma de escolher a escola em que nossas aulas seriam ministradas. Nem esse direito a gente tinha! Dessa forma, duas vezes na semana, lá ia eu, às duas horas da tarde, debaixo de um sol de estourar mamona, o almoço fazendo peso no estômago, assistir aula de História do Brasil. Sim, porque além de dar aula, eu deveria fazer um estágio de “observação”.
Chegada a hora de transmitir meus conhecimentos à juventude sedenta de saber, a professora quis porque quis me empurrar uma turma de vestibular. Amarelei. Moleque querendo passar no vestibular, sempre quer aparecer! E se fizessem uma pergunta que eu não soubesse? “Sinto muito, meu amigo, mas eu vou pesquisar e amanhã te trago a resposta.” Fala sério, isso só funciona na teoria! Nunca, nunquinha que eu ia passar por uma situação dessas...
Fiz pé duro e consegui convencê-la a me “dar” a turma de terceiro ano do Ensino Normal. Normalistas são mais calmas. Tem muita didática pra se preocupar, não vão perder tempo com questõezinhas da história do Brasil. “Ótimo”, foi a resposta da mestra, “mas e o seu tema? Qual será?”
Qual seria? Pensei rápido. Meu tema seria...
São Gonçalo! A história da minha cidade!
Cabe aqui esclarecer que São Gonçalo é uma cidade fluminense, coladinha em Niterói, que os cariocas insistem em chamar de Niterói, assim como os americanos insistem em disser que Buenos Aires é a capital do Brasil, e que os niteroienses insistem em sacanear chamando de São Gongolo e outras coisas não tão agradáveis.
Ótimo. Tinha um tema. Faltava a aula. O pior.
Passei semanas estudando tudo que podia e não podia sobre minha cidade. Geografia, história, a origem, o fundador, até que me deparei com o dado mais curioso de minhas pesquisas... a história de São Gonçalo! São Gonçalo, o santo! Claro, evidente e lógico que não foi a história que se lê nos anais da Igreja, mas a história oficiosa.
São Gonçalo era um santo, digamos que... Sapeca! Isso pra ser light... Gostava de bebida, viola e mulher! Que fique claro aqui que tudo isso é lenda, senão os devotos do santo vão me linchar. Lenda ou não, o negócio pegou. Existia uma festa, não sei onde, que era em homenagem ao santo. Coisa louca! A única festa que reunia a nobreza e a plebe. Até os escravos participavam. São Gonçalo era tido como santo casamenteiro, desbancando Santo Antônio. E mais: santo da fertilidade. Na tal festa eram distribuídos delicados pãezinhos na forma de... pênis! A moça que comesse a broa, casava na certa! Loucura!
Não parava por aí. Quem já foi no carnaval de Olinda? Aqueles bonecões enormes de Homem da Meia-Noite e da Mulher do Meio-dia? Exatamente. Imagine o formato dos pãezinhos no tamanho dos bonecões! E o povo todo correndo atrás, gritando entusiasmado: “Viva, São Gonçalo! Viva!”
Dei dor de barriga. Putz, como eu falaria disso prum bando de moçoilas terceiranistas que levam Capricho pra sala de aula? Ficava até imaginando as risadinhas cada vez que eu pronunciasse a palavra pênis. E o piruzão tamanho gigante? Puta que o pariu!
Pro meu espanto, meu desempenho não foi diferente das outras vezes. Posso até me gabar, e digo, sem medo, que foi uma das melhores aula que já dei. Caprichei no teatro e as garotas ficaram de quatro! É claro que uma ou outra riu, aquele risinho tímido, escondido pela mão, mas o fato foi que São Gonçalo fez um sucesso estrondoso. As garotas queriam saber detalhes. Qual a dimensão do bonecão? E os pãezinhos? Havia de diversos tamanhos? Cores? Eram doces ou salgados? Por que eu não assei uns e trouxe de brinde pra turma?
Fui ovacionado. A professora da turma, que coincidentemente me deu aula de Educação Moral e Cívica na 8ª série, veio me parabenizar. Eu era um grande professor! A minha professora de Prática também disse o mesmo e fez questão de frisar que havia sido a melhor aula que tinha assistido até então.
Havia acabado. Finalmente. Missão cumprida. Cumpridíssima. Aquela tarde, voltei pra casa, satisfeito com os meus quatro créditos a mais no histórico. E um novo santo de devoção...

Tuesday, September 12, 2006

NÃO FUI EU, FOI O MEU EU-LÍRICO!!!

Terça-feira, sete da matina. Maior solão dando pinta, temperatura mínima de 19, máxima de 35 graus. E eu, euzinho indo trabalhar! Não sem antes fazer minha oração matinal, perguntando ao Criador quando chegaria o dia que eu ganharia na Megasena e poderia aproveitar uma manhã dos deuses como essa.
Lá fui eu dar a minha paradinha habitual no jornaleiro da esquina, conferir o que rolava mundo afora, quando dei de cara com a seguinte manchete (se é que isso pode ser chamado de manchete!): “Gretchen estrelará filme pornô”.
Definitivamente tá virando onda mesmo essa história de fazer filme de sacanagem. Primeiro foi o Frota. Depois a eterna chacrete Rita Cadillac. Parece que até o tal do Matheus Carrieri entrou na dança. E agora, ela. Gretchen, a Rainha do Bumbum. Deus do céu, será essa a solução dos meus problemas?
Toda vez que eu vejo a Gretchen na TV, insistindo em requebrar as nádegas diante das câmeras, me vem à cabeça uma colega de trabalho que odeia a figura. Tudo porque, numa certa entrevista, Gretchen afirmou ter “quarenta e alguns” anos. A minha amiga bufou, espumou, revirou os olhos. Que quarenta e alguns o quê? Ela, elazinha mesma já estava com 35 bem vividos e tinha dançado muito Conga La Conga quando era menininha!
Questões etárias a parte, o fato que me deixou encucado foi essa história de fazer filme pornô. Como pode uma senhora, mãe de família, que se diz crente e tudo mais fazer filme pornô assim, na maior cara dura? Levando o ponto à minha amiga (a do “Conga, conga, conga” na infância), obtive a resposta. Segundo sua tese, será a Gretchen que fará o filme. E Gretchen é só uma personagem. A mulher de verdade, da vida real, que vai às compras, vai ao culto, lava roupa e tem dor de barriga é a Maria Odete. Gretchen é uma, Maria Odete é outra.
Eu não tenho nada a ver com a vida da Gretchen ou da dona Maria Odete. Elas fazem o que quiserem! Mas já pensou se vira moda essa história? Um Marcelo pra fazer merda, o outro pra andar na linha? Ou será que a gente já é assim e não se dá conta?
Será que também existe um Alexandre Frota que faz foto peladão cinco vezes ao ano e outro que freqüenta biblioteca por horas lendo Baudelaire e Rimbaud? Jogador de futebol que joga horrores na Europa e na hora de fazer bonito vestindo a amarelinha, calça salto alto? E Presidente da República que diz que ninguém fez tanto pelo país como ele e só dá 350 de salário mínimo?
Quem souber me responder, www.ensaiogeral2006.blogspot.com e desde já, muito obrigado

Friday, September 08, 2006

Feriadão, Juliana Paes, calcinha e Wando

Lá estava eu ontem, feriado da Independência, largadão no sofá, jornalzinho do dia na mão... Tanta coisa importante pra se preocupar: era Lula cantando já ganhou, era um novo bacilo da tuberculose impossível de tratar, era o meu Fogão enfrentando o Flu no Maracanã, e eu, euzinho lá, largadão no sofá da sala, embasbacado, hipnotizado pela beleza da Juliana Paes... sem calcinha!
É verdade, queridos leitores! Era a mesma Juliana Paes de sempre... O mesmo olhão, o bocão então nem se fala, aberto igual a do Lobo Mau pronto pra devorar a Chapeuzinho. Linda, deslumbrante, metida num vestido vermelho, vinho, sei lá que diabo de cor é aquela, maravilhosa, esfuziante, no melhor estilo Marilyn em “O Pecado Mora ao Lado”. E com uma baita tarja preta entre as pernas!
Claro, evidente e lógico que não é a primeira vez que um episódio desse tipo ganha as manchetes de jornal. Parece que há um tipo de jornalismo especializado em notícias do gênero. Basta uma vaciladinha e pronto! Tá lá você, com uma tarja preta entre as coxas... Já aconteceu com a Luma, com a Piovanni e com outras moçoilas desatentas mais. E a profusão de mulheres fotografadas com a perereca saltando da gaiola me fez pensar porque uma mulher sai de casa sem as benditas calcinhas. Há moças que dizem que com determinadas roupas é realmente inconcebível vestir a peça. “Calcinha marca.” Eu não entendo muito lá de calcinha, visto que nem usar cueca eu uso, mas tudo isso me fez pensar: quem inventou a bendita? Eu nunca ouvi quem foi o responsável de introduzi-la no guarda-roupa feminino. Estranho... Dia desses eu ouvi que o biquíni tá fazendo 60 anos. Mas a história da calcinha nunca me contaram! Mas, como na Internet tudo é possível, lá fui eu atrás da origem da fulana...
Devo admitir que não encontrei muita coisa não. A primeira definição que encontrei foi na Wikipédia que dizia que a função primordial das calcinhas era a de proteção: “É usada sob a roupa protegendo a vulva e as nádegas de contato com a roupa externa” Num outro site li que, durante os séculos XVII e XVIII, as mulheres usavam um verdadeiro arsenal de roupa de baixo, “sofrendo horrores em nome da beleza e da satisfação masculina”. Putz, era só o que faltava! Satisfação masculina, tirar uma anágua, depois a ceroula, depois a cinta-liga, depois... Ufa! Definitivamente, é maravilhoso ter nascido no século XX!
Outra parte interessante dizia que durante os anos 80, mulheres gostavam de andar mais livres, leves e soltas, e às vezes, não usavam nada por baixo das camisetas ou do jeans. Mas hoje, tão grande é a gama de cores, materiais, tecidos, fitas, rendas, brocados e desenhos, que há moçoilas que gastam fortunas com roupa de baixo! E a Juliana Paes sem calcinha...
Fiquei meio frustrado, esperava uma biografia mais extensa de nossa personagem principal. Local de nascimento, idade, essas cositas... Mas no fim das contas, valeu a pena, quando me deparei com ele. O obsceno. Wando (“Você é luz, é raio, estrela e luar/ Manhã de sol, meu iaiá, meu iôiô!!!”) é completamente obcecado pela peça e não há show seu sem ampla distribuição delas. Há calcinhas de todos os tipos, cores, cheiros e sabores. O cara diz que sua tara por elas, começou numa inocente brincadeira num show. Mas do que ele gosta mesmo é do que tem por dentro...
Sábio Wando. O homem sabe das coisas...

Thursday, September 07, 2006

Um pouco de Filosofia para ser feliz...

Há vidas que dariam uma verdadeira novela. Novelão mesmo, daquelas no melhor estilo Manoel Carlos. A de Bertrand Russell, por exemplo, é uma dessas. Primeiro: o homem viveu pra cacete! Matusalém perde... Nasceu quando a Rainha Vitória ainda dava as cartas na Inglaterra e morreu depois que o homem já havia pisado na lua. Segundo: Russell era o cara! Literalmente... Não contente em ser apenas o conde de Russell, o sujeito também enveredou pela Matemática, Filosofia, Política e ainda abocanhou um prêmio Nobel em 1950. Mas não é sua extensa e movimentada biografia o assunto desse meu primeiro post. Na realidade, Bertrand Russell me veio à cabeça, depois de desligar o telefone ontem à noite. Lá estava eu, com um grande amigo, fazendo meu ouvido de CVV, discorrendo sobre sua vidinha monótona e repetindo a cada dez minutos o quanto andava infeliz e deprimido. Eu me esforçava pra entender, mas não conseguia. Fico sinceramente chocado quando alguém admite ser infeliz. Jesus Crucificado de Porto das Caixas, ter uma caminha quente, um pratinho de comida no almoço e uma casinha pra se voltar no fim do dia não é suficiente? Parece que não, porque pra fechar a cantilena, ele ainda me saiu com essa: "Eu me sinto triste até quando estou feliz!"
A verdade é que meu amigo não é o único. Prova disso são as prateleiras das livrarias do planeta inteiro, abarrotadas de títulos e mais títulos ensinando "aonde encontrar a tal da Dona Felicidade". Eis aí, caríssimos, mais um mérito de Russell. Muito antes de tudo isso, o sujeito já tinha escrito um livro chamado "A Conquista da Felicidade". Logo de cara, ele avisa que não pretende tecer considerações eruditas sobre o tema e é verdade. Era a Filosofia descendo a cátedra e encontrando a massa.
O primeiro ponto abordado por Russell diz respeito ao prazer. Para ele, felicidade e prazer caminham lado a lado. E o prazer provém da superação de um obstáculo. Maria queria ser médica, mas antes disso deveria passar pela peneira do vestibular, depois encarar seis ou sete anos na Universidade, mais noites mal dormidas, pouco tempo para si e para os amigos, etc., etc. No problem. Na grande noite em que Maria recebesse o canudo e colasse grau, tudo isso não faria diferença. Ou faria. Apesar de todos os obstáculos e contratempos, Maria chegou lá. E tudo isso contribuiria para dar à sua conquista um saborzinho especial. Vim, vi e venci. É verdade que o buraco é muito mais embaixo e que a história pode seguir por outros caminhos. Tem gente que tem uma estrela filha da mãe! Tipo o Carlos, um velho conhecido do tempo do colégio. O carinha pintava horrores! Jamais havia feito qualquer tipo de curso. Dizia que não era nada demais, que havia gente bem melhor que ele. Onde pobre podia pensar em ser artista? Pobre tinha era que ganhar o pão do dia-a-dia! Acontece que um dia, por um desses acasos do destino, um dos trabalhos de Carlos caiu nas mãos de um professor da Escola de Belas Artes. Pronto. Foi o começo de uma longa história. Carlos hoje é famoso e uma tela sua custa uma pequena fortuna. Ainda não acredita que a vida lhe tenha sido tão generosa. Logo ele, que jamais teve grandes ambições. Aqui, não é o prazer que causa a felicidade, mas sim a surpresa. O contrário também poderia acontecer, evidente: Carlos podia se achar o bam-bam-bam, ter feito todos os cursos de artes possíveis e imagináveis e mesmo assim, simplesmente não acontecer. E ao invés de feliz, Carlos seria um decepcionado.
Quando Russell punha no papel todo esse blá-blá-blá, um tal de Existencialismo era a vedete da vez, com um papo de que a vida é repleta de absurdos, que você tem o livre-arbítrio para decidir o que deve ou não ser feito, mas que, freqüentemente, qualquer que seja sua escolha, ela é uma escolha ruim. Russell odiava esse lero-lero. Para ele, as pessoas desejam ser amadas e não toleradas. Acontece que pedir amor é pedir muito mais do que a vida possa dar. É onde surge a melancolia e - ela não é boa. O único caminho de se ver livre dela é tendo gosto em viver. Felicidade é exatamente gosto pela vida. E gosto de viver é se interessar pelo que a vida nos oferece. Resumindo: por quando mais coisas eu me interessar, maiores serão minhas oportunidades de felicidade. Quando meus interesses são muito restritos – azar o meu – maiores serão minhas chances de decepção. O caminho da felicidade é ter gosto em viver e se surpreender com o mundo. Robério já tinha tudo programadinho em sua cabeça. Aos 25 se formaria em Direito, aos trinta no máximo já teria ingressado na Magistratura, casado com Carla morando num confortável apartamento no Leblon. Já estava com quase 35 e necas. Tentava, tentava, tentava, mas nada de ser juiz. Leblon então! Continuava no Andaraí...
Continuar batendo na mesma tecla pode ser duas coisas: ou fuga ou esquecimento de outros aspectos da vida. A fuga, por sua vez, pode escambar para o exagero e o exagero se traduz de duas formas: ou uma atividade intelectual intensa ou ela - olha a melancolia novamente aí, gente! O remédio: a boa e velha moderação. É preciso ter pé no chão e saber a hora de encarar a vida real...
Para que se tenha novamente gosto em viver é essencial que o homem se sinta amado – e que ame! Amor sem interesse, sem vantagem, amor que não almeje segurança ou proteção. Amor desinteressado. Como na família. Eu posso amar crianças, mas jamais amarei qualquer delas na mesma proporção que amo meu filho! Essa é a receita. Quem ama cuida. Amar é saber que existe alguém que é por você nesse mundo. É isso que falta ao ser humano. Definitivamente, essa não foi uma conclusão exclusiva de Russell. Desde a Antigüidade, a amizade é considerada como a própria expressão da felicidade. O velho Aristóteles repetiu isso até a exaustão. E estava certo.
A verdade é que, surpreendentemente, a felicidade pode estar mais perto do que imaginamos... É a velha história do pássaro azul. A gente roda, bate cabeça, funde a cuca e ele estava ali, todo o tempo, ao nosso lado. Pode até parecer papo de alienado, mas somos nós quem complicamos a vida. Bom humor e leveza de atitude são fundamentais! E é lógico e evidente que se possa ser feliz, sim! Ser feliz ganhando não tão bem assim, ser feliz não tendo o corpo perfeito, ser feliz tendo dívidas para pagar, ser feliz sem namorada, ser feliz morando em São Gonçalo, ser feliz andando de ônibus, ser feliz apesar de todos os problemas... Essa receita não deve ser encarada como uma atitude de fuga ou algo que nos leva a abrir mão dos nossos sonhos. É importante ter-se metas na vida! E realiza-las nos torna felizes. Porém, mais importante ainda é saber que existem outras possibilidades de felicidade...
Gostaria que meu amigo lesse essas mal traçadas linhas, mas creio não ter embasamento para isso, afinal quem sou eu, né? Além do que, conselho se fosse bom não se dava, mas vendia! Mas quem sabe, janeiro chegando, não posso investir meus parcos reais num presente de aniversário mais caprichado? E que o próprio Russell fale por mim...